sexta-feira, 19 de julho de 2013

Olha mãe, eu tenho leitores! - Regys Silva

 


Vamos ao segundo convidado da série onde o leitor tem seu espaço e escreve aqui. E agora o convidado é um leitor, que já é um grande amigo, parceiro em outro 'pojeto' (Surto olímpico) e que conheci graças a este blog. Regys Silva, o gênio incompreendido do humor brasileiro e o maior 'do contra' que eu conheço, além das más línguas afirmarem que ele é o verdadeiro pai do Felipinho, filho do Felipe Massa! hahahaha! Bem se vocês me acham louco por torcer pela Williams, o Regys torceu pela Tyrrell, meu amigo! E é sobre a equipe do Tio Ken que teve sua última temporada em 1998. Agora o texto é com ele:

Eu e a Tyrrell: Uma relação de amor psicótica 

Bem, como todo fã de F1 que começou a acompanhar a categoria no meio dos anos 80, a tendência era torcer por um dos brasileiros que se destacavam na época: Senna ou Piquet. Acabei torcendo pelo Senna, e como toda viúva, o defendia com ferro e fogo, principalmente contra o Piquet (a quem chamo carinhosamente de Container). 

Claro que em 1994 veio o grande choque da sua morte na fatídica curva Tamburello, no circuito de Imola, em 1º de maio daquele ano, na tragédia que veio a mudar a história da F1 e a minha relação de torcida com a categoria Top do automobilismo mundial. Depois desse evento, me perguntei pra quem torcer. Muitos decidiram largar a F1, porque sem o Senna blá, blá, blá e brasileiro não ganhava mais nada e blá, blá, blá. A maioria cometeu o erro burro de torcer pelo fracassado do Barrichello (a quem odeio desde sua estreia na Jordan), outros abandonaram a categoria e eu fiquei meio perdido. Eis que veio o GP da Espanha de 1994, Hill venceu, seguido da praga Schumacher e em 3º...chegou Mark Blundell com um carro branco de nº 4, de uma equipe tradicionalíssima, mas alternando anos difíceis, com resultados surpreendentes: a Tyrrell Racing Organisation. Foi algo que eu não esperava, foi quase uma paixão a primeira vista com esse carro sem visual arrebatador, mas que conquistou de um jeito que não consegui resistir. 


Com o primeiro pódio em 3 anos, e vindo de um 93 desastroso, não tive duvidas. Passei ali a torcer pela equipe do Tio Ken, ex-madereiro e torcedor do Tottenham. Então o resto do ano passei a torcer meio que em fase de adaptação, afinal, depois de quase 10 anos torcendo por brasileiro, tive que me adequar a torcer por um britânico e por um japonês incompreendido: Ukyo Katayama. Sim, muitos chamavam Katayama-San de Katagrama (Maldade by Galvão Bueno) pelos diversos acidentes e saídas de pista em 1993. Mas a culpa não era dele e sim de um carro desastroso e um motor Yamaha com base no Judd V10 de 1992 (aí não dá, né?). Katayama chegou a andar em 2º na tumultuada 1ª volta do GP da Alemanha com uma largada fantástica, ficando só atrás do Berger, mas acabou rodando e terminando por abandonar a prova após cair pra 3º lugar. Enfim, as Tyrrells andaram muito bem em 1994, conquistando 13 pontos (9 com Blundell e 4 com Katayama), com Katayama conseguindo diversas vezes largar no Top 6, batendo Mclarens, Williams e Ferraris (o segundo carro da Benetton não conta), e terminou em 7º lugar nos construtores. 


Após esse ano excelente, veio 1995 e já acostumado com o Katayama, veio um dos mitos, Mika Salo, que após uma batalha jurídica entre Tyrrell e Pacific, ficou com a equipe do Tio Ken. A equipe começou com resultados promissores, chegando a andar em 3º no Brasil e em 4º na Argentina, o 023 provou não ser competitivo e a suspensão Hydrolink um fracasso, jogando a equipe para lutas com Minardi e Footwork pelas posições intermediárias nos grids e nas corridas. Mas nada foi igual ao GP da Itália de 1995, quando mesmo rodando logo no começo da corrida, Salo foi se recuperando e conquistando um brilhante 5º lugar, e por consequência, seus primeiros pontos na categoria. Foi uma alegria imensa, comecei a pular na sala e até a moça que trabalhava lá me perguntava o que tinha acontecido, e eu dizia “nada”, foi O dia daquele ano sofrido. 1995 acabou com míseros 5 pontos (todos do Salo) e um 9º lugar no campeonato de construtores, empatado com a Footwork, que teve a cagada do viado do Morbidelli conseguir um pódio na corrida de Adelaide. 

Veio 1996, Salo e Katayama ficaram e diferentemente do ano anterior, a Tyrrell já começou pontuando bem no começo da temporada, até chegar o fatídico GP de Mônaco daquele ano. A corrida que mais tenho ódio nesse mundo. O merdinha do Panis venceu numa cagada gigante, com a praga batendo na 1ª volta, Alesi, Berger e Hill quebrando, Panis jogando Irvine pro guard rail e levou essa vitória na pior corrida da história. Mas tem pior, o imbecil do Irvine rodou sozinho na descida pro túnel, quando foi voltar bateu no Salo e no Hakkinen. O Hakkinen correu furioso atrás desse demente irlandês e eu xinguei esse filho da puta de todos os palavrões possíveis e imagináveis!!! Pelo menos Salo foi classificado em 5º lugar. O 024 decaiu de competitividade e depois de Mônaco não conseguiu mais pontos, terminando em 8º lugar nos Construtores, com 5 pontos (todos novamente do Salo). 

Eis que veio 1997 e perdido o motor Yamaha para a Arrows e o canalha do Walkinshaw e com o Katayama de saída para afundar na Minardi, veio o Ford Cosworth V8 que a Minardi usou em 1996 e o Jos Verstappen, um talentoso, mas espalhafatoso, piloto. Salo ficou na equipe. O 025 era um carro simples, com um bico alto e uma trave segurando o aerofólio, mas teve como principal inovação as X-Wings, que muitas equipes viriam a copiar em 1998. O carro não era competitivo e Salo e Verstappen quase sempre ficavam nas filas finais do grid, mas novamente, teve um GP de Mônaco pela frente, e a história foi feita nessa corrida. Depois de se qualificar em 14º, ter uma parte do aerofólio arrancado pela Benetton de Alesi, e fazer a corrida toda sem parar para reabastecer ou trocar pneus, Salo conseguiu 2 pontos para a Tyrrell num momento que não esqueço (até falei pra ele no Twitter sobre isso e ele agradeceu, ele é foda!!) Após essa corrida, apesar de algumas provas boas, como Canadá e Europa, a Tyrrell não tinha como fazer mais e terminou em 10º lugar com 2 pontos (todos do Salo, de novo). 

Eis que no fim de 1997 e já me preparando para 1998, e prevendo Takagi e talvez a permanência do Verstappen na equipe, veio o pior baque: a Tyrrell foi vendida para a BAT e serviria de base para a BAR entrar na F1 em 1999. Nem a morte do Senna doeu tanto quanto essa noticia. Fiquei sem chão e o mundo desabou legal. Não é simples perder um amor ainda mais “vendido” desse jeito. 1998 foi um inferno e só piorou quando devido a contratação de um certo brasileiro que me recuso a digitar o nome (Nota do dono do blog: RICARDO ROSSET,ídolo do Regys... =P), o Tio Ken decidiu não mais comparecer as corridas em protesto. Não há muito o que se falar de 1998. O 026 era ruim e com o banimento das X Wings o carro piorou ainda mais, e ainda com o V10 da Ford usado pela Stewart em 1997 que já era uma bosta, o jeito era seguir a marcha fúnebre, com direito a vários DNQ do brasileiro, até o triste fim, em Suzuka. Ele veio com o retardado do Tuero e sua Minardi acertando a traseira do Takagi na freada para a chicane (curiosidade, o que ficou da batida furou o pneu da praga alemã e deu o titulo ao Hakkinen, CHUPA PRAGA!!), e acabava ali a história da Tyrrell na F1. Sem pontos e só agonia. 


A F1 seguiu, ainda assisto todas as corridas, e torço pela Williams, mas não é a mesma coisa. Não tem a paixão, o estresse extremo, a alegria de bater uma Sauber ou uma Ligier (CHUPA PAPAI PAGOU DINIZ E BOUILLON), ou mandar Morbidelli, Frentzen e Panis tomarem no cu, ou mesmo vibrar por um 18º lugar no grid, ou mesmo ter fé com os dois carros na última fila do grid. Torcer pela Tyrrell foi algo sensacional, conhecer a história do Rei Jonathan Palmer, campeão do Troféu Jim Clark entre os motores aspirados de 1987, De Cesaris e seus feitos com oTyrrell Ilmor de 1992, Alesi e suas mitagens em 1989 e 1990. E claro, sem esquecer dos títulos de Stewart nos anos 70. Nem com o Senna foi assim e nunca será. Escolher piloto e equipe vencedora é fácil, mas o amor pelo sofrimento é inolvidável. Saudades da melhor equipe do mundo, se não a melhor, pelo menos a que me fazia muito feliz, mesmo penando no fundo do grid.





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