Túnel do tempo...Hungria 1986
Essa foto do Pódio pode ser interpretada de várias maneiras: Estaria Senna Cabisbaixo após A ultrapassagem do Piquet em cima dele? Ué, Não dizem que o Nélson Piquet não é patriota? E o Piquet mandou mesmo o dedão pro Senna? E o Mansell é o maior piloto de todos os tempos? Coma exeção da última pergunta, todas as outras perguntas não tem resposta, mas foi uma corrida lendária que faz 25 anos. E nada melhor pra representar um texto à altura. Não é um texto meu, claro. Mas sim do meu camarada Ron Groo, com um texto que na minha opinião é um dos melhores escritos por ele. E esse post é só uma homenagem canhestra ao meu amigo, que faz aniversário hoje e merece tudo dibão na vida! Parabéns Groo! Aqui vai o texto:
O sol sempre escaldante do mês de agosto fustiga a cabeça do jovem Mika.
A KIND OF MAGIC
O sol sempre escaldante do mês de agosto fustiga a cabeça do jovem Mika.
Sentado em uma arquibancada bem no fim da reta de largada, já quase dentro da curva ‘um’. Vai assistir o GP da Hungria de formula um acompanhado de seu indefectível walkman e uma fita cassete do último álbum do Queen: ‘A kind of magic’.
Será o primeiro GP de fórmula um daquele país.
A pista é estreita, as freadas não são fortes e a única reta do circuito - onde Mika está instalado - não é grande o suficiente para que um motor se sobressaia à outro pela força de seus cavalos.
Poucos teriam coragem – ou loucura - suficiente para tentar, em condições normais, uma ultrapassagem.
Mika, entediado, já ouviu a fita cassete inteira ao menos umas três vezes. Não se preocupa muito com a corrida. Não há ídolos locais neste esporte, e ainda por cima a primeira fila é formada por dois representantes de um longínquo país: O Brasil.
Mika entende pouco, quase nada de Fórmula um, está ali por ser exatamente o primeiro grande prêmio em seu país e isto já garante que será histórico.
Os personagens – para Mika – são: Um carro preto com piloto de capacete amarelo na pole position e um carro de bico azul com um “6” pintado nele na segunda posição do grid.
Mika assiste a largada e vê o carro preto pular na ponta enquanto o de bico azul perde a posição para outro carro de bico azul, este, porém enfeitado com um “5” vermelho..
O “5” vermelho não resiste às estocadas do numero “6”, e poucas voltas depois perde a segunda posição e o que se segue é uma perseguição monstruosa ao carro preto com piloto de capacete amarelo.
Mika procura em seu programa da corrida onde estão os nomes e os números dos carros e identifica: Preto, capacete amarelo: Senna.
Amarelo com bico azul e numero “6” branco: Piquet.
Amarelo com bico azul e numero “5” vermelho: Mansell.
Estes três e mais um francês narigudo de nome Alain Prost que pilotava um carro pintado em vermelho e branco são - segundo o programa da corrida - os quatro maiores pilotos em atividade neste ano. E tudo indica que o título de 1986 não escapará a um deles.
Mas voltando a corrida que já vai pela décima terceira volta, o carro numero “6” ultrapassa o carro preto e abre uma pequena vantagem. Não suficiente para que continue em primeiro depois da parada para troca de pneus que todos são obrigados a fazer.
Será o primeiro GP de fórmula um daquele país.
A pista é estreita, as freadas não são fortes e a única reta do circuito - onde Mika está instalado - não é grande o suficiente para que um motor se sobressaia à outro pela força de seus cavalos.
Poucos teriam coragem – ou loucura - suficiente para tentar, em condições normais, uma ultrapassagem.
Mika, entediado, já ouviu a fita cassete inteira ao menos umas três vezes. Não se preocupa muito com a corrida. Não há ídolos locais neste esporte, e ainda por cima a primeira fila é formada por dois representantes de um longínquo país: O Brasil.
Mika entende pouco, quase nada de Fórmula um, está ali por ser exatamente o primeiro grande prêmio em seu país e isto já garante que será histórico.
Os personagens – para Mika – são: Um carro preto com piloto de capacete amarelo na pole position e um carro de bico azul com um “6” pintado nele na segunda posição do grid.
Mika assiste a largada e vê o carro preto pular na ponta enquanto o de bico azul perde a posição para outro carro de bico azul, este, porém enfeitado com um “5” vermelho..
O “5” vermelho não resiste às estocadas do numero “6”, e poucas voltas depois perde a segunda posição e o que se segue é uma perseguição monstruosa ao carro preto com piloto de capacete amarelo.
Mika procura em seu programa da corrida onde estão os nomes e os números dos carros e identifica: Preto, capacete amarelo: Senna.
Amarelo com bico azul e numero “6” branco: Piquet.
Amarelo com bico azul e numero “5” vermelho: Mansell.
Estes três e mais um francês narigudo de nome Alain Prost que pilotava um carro pintado em vermelho e branco são - segundo o programa da corrida - os quatro maiores pilotos em atividade neste ano. E tudo indica que o título de 1986 não escapará a um deles.
Mas voltando a corrida que já vai pela décima terceira volta, o carro numero “6” ultrapassa o carro preto e abre uma pequena vantagem. Não suficiente para que continue em primeiro depois da parada para troca de pneus que todos são obrigados a fazer.
Logo o carro do piloto de capacete amarelo volta à primeira posição tendo em seu encalço novamente o bico azul numero “6”.
Já na volta cinqüenta e quatro, meio que sem querer Mika levanta a cabeça e olha para a pista. Vê o carro de bico azul numero “6” ultrapassando de forma forçada o carro preto. O piloto pega o traçado de dentro, entre o carro a ser ultrapassado e o muro.
Ele - Mika - se levanta na arquibancada e prende a respiração por alguns instantes.
O carro numero “6” ultrapassa o carro preto, mas não consegue fazer a curva de forma correta.
Perde o ponto de tangência e, completamente desequilibrado, perde novamente a posição para o piloto de capacete amarelo.
Dentro do carro de bico azul numero “6” o piloto pensa: “-Pqp! Ele deve estar rindo muito de mim agora. Arrisquei à toa. Não vai ficar assim!”.
Já de dentro do carro preto o piloto que realmente ria diz para si mesmo: “Aqui não farroupilha! Que não nasci para ser ultrapassado sem lutar... Vem de novo se for homem!”.
Mika do alto da arquibancada pensa: ”-São loucos estes homens!”.
Duas voltas se seguem sem que o piloto do carro numero “6” tente passar.
Mika já se sente frustrado.
Já na volta cinqüenta e quatro, meio que sem querer Mika levanta a cabeça e olha para a pista. Vê o carro de bico azul numero “6” ultrapassando de forma forçada o carro preto. O piloto pega o traçado de dentro, entre o carro a ser ultrapassado e o muro.
Ele - Mika - se levanta na arquibancada e prende a respiração por alguns instantes.
O carro numero “6” ultrapassa o carro preto, mas não consegue fazer a curva de forma correta.
Perde o ponto de tangência e, completamente desequilibrado, perde novamente a posição para o piloto de capacete amarelo.
Dentro do carro de bico azul numero “6” o piloto pensa: “-Pqp! Ele deve estar rindo muito de mim agora. Arrisquei à toa. Não vai ficar assim!”.
Já de dentro do carro preto o piloto que realmente ria diz para si mesmo: “Aqui não farroupilha! Que não nasci para ser ultrapassado sem lutar... Vem de novo se for homem!”.
Mika do alto da arquibancada pensa: ”-São loucos estes homens!”.
Duas voltas se seguem sem que o piloto do carro numero “6” tente passar.
Mika já se sente frustrado.
O piloto de capacete amarelo já se sente confiante o bastante para achar que não será mais incomodado.
Já o piloto do carro “6” já não pensa mais. Age.
Na mesma reta, no mesmo ponto ele investe. Mas desta vez põe o carro no lugar menos provável: O lado de fora.
Já o piloto do carro “6” já não pensa mais. Age.
Na mesma reta, no mesmo ponto ele investe. Mas desta vez põe o carro no lugar menos provável: O lado de fora.
Encaixotando o piloto do carro preto entre ele e o muro.
Mika vê aquilo sem acreditar, sem respirar. O momento parecia suspenso.
O carro numero “6” completa a ultrapassagem no último milímetro da pequena reta. Não tem como sustentar a posição. Não tem espaço para contornar a curva de maneira correta.
O carro preto certamente vai tomar a posição novamente.
Só que desta vez é diferente...
Mika vê aquilo sem acreditar, sem respirar. O momento parecia suspenso.
O carro numero “6” completa a ultrapassagem no último milímetro da pequena reta. Não tem como sustentar a posição. Não tem espaço para contornar a curva de maneira correta.
O carro preto certamente vai tomar a posição novamente.
Só que desta vez é diferente...
No walkman, Freddie Mercury canta com sua voz inconfundível... “It’s a kind of magic, magic... MAGIC “...
O carro de bico azul e numero “6” retarda a freada até o limite do suportável, pra lá do “Deus me livre” e com um golpe no volante e extremo controle do carro ele desliza. Derrapa nas quatro rodas. Milímetros à frente do carro preto, que freia e se recolhe, humildemente... “ -It’s a king of magic”. - Pensa Mika.
O carro de bico azul e numero “6” retarda a freada até o limite do suportável, pra lá do “Deus me livre” e com um golpe no volante e extremo controle do carro ele desliza. Derrapa nas quatro rodas. Milímetros à frente do carro preto, que freia e se recolhe, humildemente... “ -It’s a king of magic”. - Pensa Mika.
“-Oh! Meu Deus...” – Pensa Senna.
”-Sifú! Te peguei, ri agora!”. – Grita de dentro carro Nelson Piquet.
Um silencio monstruoso no autódromo, coisa rara. Só se ouve os motores dos carros.
”-Sifú! Te peguei, ri agora!”. – Grita de dentro carro Nelson Piquet.
Um silencio monstruoso no autódromo, coisa rara. Só se ouve os motores dos carros.
Tudo parecia nem existir, só a imagem dos dois carros no fim da reta. “-It’s a kind of magic...” Continua cantando Freddie Mercury.
Mika se levanta e vai rumo à saída do autódromo. Já não importa quem vai ganhar a corrida. Seja qual for o resultado ao fim das 76 voltas, o grande vencedor daquela tarde foi o piloto do carro amarelo de bico azul e com um numero “6”.
Foi uma espécie de magia...
Mika se levanta e vai rumo à saída do autódromo. Já não importa quem vai ganhar a corrida. Seja qual for o resultado ao fim das 76 voltas, o grande vencedor daquela tarde foi o piloto do carro amarelo de bico azul e com um numero “6”.
Foi uma espécie de magia...
3 comentários:
Lembro desse dia como se fosse hoje!!!
Gritei muito ao ver essa ultrapassagem e levei uma bronca de minha mãe, pois minhas irmãs já eram Sennistas fanáticas e foram reclamar com ela...
Realmente, o Groo se superou nesse texto.Mágico!!!!
Um abraço.
Brigado pela homenagem Marcão. Fiquei feliz a beça.
Marcão,
Esse pega foi sensacional.
Jackie Stewart descreveu muito bem o que foi fazer aquela ultrapassagem com um F1.
" Foi como fazer um looping com um Boeing!" Stewart
abs
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