Williams 35 anos - Capítulo XXIII
Alain Prost depois ser tetra resolveu se aposentar por livre e espontânea pressão e virar comentarista na TV francesa.Com isso, a Renault e Frank Williams queriam um piloto do mesmo nível pra o lugar dele.E Já tinham o nome em mente já há algum tempo.Ayrton Senna, que já tinha sido sondado pra correr na Williams em 1993 e só não foi contratado pois Prost tinha uma cláusula que vetava o brasileiro na equipe de Didcot. Agora o brasileiro podia ir pra um time que ele sonhava desde 1992 integrar e ia,ao lado de Damon Hill, poder dirigir "o carro de outro mundo" que tanto sonhara. Mas o carro de outro mundo infelizmente não pôde correr.Com a desculpa que eles queriam reduzir custos das equipes,sendo que na verdade eles queriam brecar a Williams e reequilibrar o campeonato, todos os aparatos eletrônicos foram proibidos, como a suspensão ativa, controle de tração e largada e os freios ABS. A Williams ainda testou os carros com todos os aparatos eletrônicos( e inclusive um câmbio CVT), mas isso não sensibilizou a FIA, que limou todos os aparatos. Adrian Newey e Patrick Head fizeram um carro simples em relação aos outros dois carros, o FW16. Senna nos testes em Estoril,afirmou os jornalistas:"é um carro difícil de se guiar",mas para os íntimos afirmou categoricamente:"Logo na minha vez cagaram no carro!"
A estréia era em Interlagos e a torcida brasileira estava confiante como há muito tempo não se via,já que pelo visto Senna não teria adversários. Piquet e Prost estavam aposentados e Mansell vivia feliz na F-Indy. Michael Schumacher poderia ameaçá-lo, mas a torcida brasileira não via nele como um adversário em potencial.A pole de Senna ajudou mais ainda a aumentar o otimismo brasileiro, mas na corrida Senna liderou apenas por 21 voltas e nos pitstops, que voltaram a ter reabastecimento de combustível, foi ultrapassado por Michael Schumacher,que venceu a prova.Senna,no ímpeto de tentar alcançar o alemão, acabou rodando na junção e abandona a prova. Damon Hill acaba ficando em segundo. Em Aida, no GP do Pacífico,Senna larga na pole novamente mas é tocado por Mika Hakkinen na largada e abandonou.A próxima corrida seria em Ímola.
Interlagos,média velocidade. Aida,baixa velocidade. Ímola,alta velocidade.Agora seria o grande teste pros os novos carros da F1. Jean Alesi, J.J. Lehto se acidentaram gravemente nos testes e estavam de fora do inicio da temporada. Lehto voltara em Ímola e o circo da F1 se formara em San Marino.Na Sexta, um acidente assustador com Rubens Barrichello. Ele é levado inconsciente ao hospital.Senna tenta entrar no hospital e é impedido.Ele pula o muro pra saber notícias do jovem piloto brasileiro. Barrichello teve um nariz quebrado,fratura no braço direito e uma costela trincada. Senna diagnostica que os carros perderam a segurança sem os aparatos eletrônicos.Sábado, Roland Ratzemberger, que estava em sua temporada de estréia na Smitek, perde parte de sua asa dianteira na curva Villeneuve e bate a 314 Km/h. Os médicos encontram o capacete de Ratzemberger com sangue.Ele morre pouco tempo depois. Doze anos depois, um piloto falece em um fim de semana na F1.O último tinha sido Ricardo Palleti em 1982 no Canadá. O treino tinha que continuar,mas Williams, Benneton e Sauber se recusaram a voltar a pista.Senna era pole.
Domingo, 1º de Maio, Senna cumpre um ritual inédito de largada.Passa longos minutos apoiado no seu aerofólio do seu carro, observando os mecânicos.No grid tira o capacete e a balaclava.No rosto uma tensão nunca antes vista. Na largada, um acidente grave envolvendo J.J. Lehto e Pedro Lamy obriga a entrada do Safety Car. Na volta 7 a corrida recomeça e na volta seguinte Senna acaba perdendo controle na curva Tamburello. O impacto é frontal.Os comissários chegam e não tocam no carro. Sid Watkins o médico da F1 realiza os primeiros socorros e o leva imediatamente o piloto pra um hospital em Bolonha. Sid Watkins tempos depois falou sobre o assunto:"Ele estava sereno. Eu levantei suas pálpebras e estava claro, por suas pupilas, que ele teve um ferimento maciço no cérebro. Nós o tiramos do cockpit e o pusemos no chão. Embora eu seja totalmente agnóstico, eu senti sua alma partir nesse momento." A última pessoa que conversou com Senna antes da corrida foi Frank Williams, ele viu o nervosismo no olhar de Ayrton e perguntou: "O que você tem?" " Me deixe em paz" foi a resposta de Ayrton Senna. Tempos depois, descobriu-se que o defeito foi na barra de direção que se quebrou.Mesma barra que Ayrton pediu que fosse diminuída pra facilitar a sua pilotagem. Damon Hill foi o sexto na trágica corrida.Em 2004, Frank Williams falou sobre o acidente:"Foi muito difícil assimilar instantaneamente o que havia acontecido. Houve um sentimento de responsabilidade, já que ele foi morto em um carro Williams. A verdadeira gravidade e a sensação de seriedade levaram alguns dias para serem percebidas."
A próxima corrida em Mônaco seria em um clima de homenagens a Senna e Raztemberger. a Williams correria com apenas Damon Hill.Mas isso não foi apenas em respeito a memória de Ayrton. A equipe precisava de um piloto substituto pra disputar o título com Schumacher que venceu as três corridas da temporada.Cogitou-se em Nigel Mansell, mas ele estava entretido com a F-Indy, e seu contrato não poderia ser rescindido. David Coulthard,o pilto de testes na época era novo demais e Frank não queria coloca-lo na fogueira. Então surgiu um nome que interessou Frank Williams: Rubens Barrichello, O que inviabilizou o contrato foi o contrato recém assinado com a Marlboro, a Williams era patrocinada pela Rothmmans e rescisão da quebra de contrato, Frank Não queria pagar. Damon Hill acabou abandonando na primeira volta e Schumacher ganhou a quarta seguida.
Em Montemeló, Frank não consegue um piloto de ponta e efetiva Coulthard como piloto titular e Damon Hill agora era o número 1,ou melhor, o número zero da equipe.E consegue uma importante vitória pra equipe. Coulthard abandona.Em Montreal,os boatos rondavam a Williams. Bernie Ecclestone também queria um rival para Schumacher e tentou convencer Piquet a voltar.Este até ficou interessado,mas recusou. Já Mansell ficou bem interessado e começou a buscar brechas em contrato com a Newman Haas pra voltar à F1...Schumacher vence,seguido de Hill. em seis corridas Schumacher tinha 56 pontos enquanto Hill tinha 23.
Em Magny Cours, Ecclestone consegue o seu desejo de trazer um grande nome à F1. Nigel Mansell estava de volta à Williams,pra correr somente nos GPs que não coincidissem com os da F-Indy. Mansell também não poderia usar nenhum patrocinador.Mas nem Mansell deu jeito no Schummy que venceu novamente, com Hill em segundo. O leão abandonou a prova e a Bennetton passou a ser acusada de estar com um controle de tração escondido em seu carro.Nada foi provado.
Em Silvertone, Schumacher ultrapassa Hill na volta de apresentação e recebe um stop and go. Briatore mandou Schumacher continuar na pista. resultado, bandeira preta. Mas Briatore consegue armar uma tramoia que faz apenas o alemão cumprir o stop and go e terminar a corrida em segundo. Damon Hill venceu a corrida. Só depois que Schumacher foi desclassificado e foi suspenso por duas corridas. Coulthard correu e foi o quinto.Metade do campeonato, Schumacher,66 e Hill,39.
Schumacher foi liberado pra correr na Alemanha sob sursis, mas não pontuou. Assim como Hill e Couthard.Em Hungaroring, Schumacher vence com Hill em segundo e Coulthard abandonou.Em Spa, Schumacher vence,mas uma irregularidade da Sua Benetton tira a sua vitória e dá para Damon Hill. Coulthard foi o quarto.Faltando cinco provas a diferença era de 21 pontos e nos construtores era de 23 pontos.Com a suspensão de Schumacher,Hill vence facilmente em Monza e Coulthard é o sexto.Em Estoril uma dobradinha da Williams com Hill-Coulthard e a diferença cai pra apenas um ponto faltando três etapas e nos construtores, a Williams punha dois pontos de diferença pra Benneton.
Mansell liberado após o fim da temporada da F-Indy, volta em Jerez, mas abandona.Schumacher volta da suspensão e vence, seguido de Hill. A diferença era de 5 pontos agora. Em Suzuka, Damon faz uma atuação irretocável e vence a corrida.Schumacher fica em segundo e Mansell termina em quarto,após uma épica batalha na chuva com Jean Alesi. A decisão iria pra Austrália.Um ponto separavam os dois pilotos.Adelaide era a corrida decisiva.
Mansell fez a pole,mas foi ultrapassado na largada por Hill e Schumacher.O alemão se mantinha em primeiro quando na volta 35,Schumacher errou na saída de uma curva e ao voltar pra pista pra não deixar Hill passar, jogou o carro em cima do Inglês.Hill, pela sua inexperiência, acelerou e colidiu com alemão. Fim de prova pros os dois e o alemão,em uma manobra suja, é o campeão mundial. Pra Williams ficou de consolo, a vitória de Mansell, a última da sua carreira e o título de construtores,que não foi de todo mal,devido a temporada traumática que a Williams teve.Agora era a hora de juntar os cacos pra a temporada seguinte.
7 comentários:
Grande matéria Marcos. Passaram-se 14 anos, mas ainda dói na gente relembrar o que aconteceu com nosso maior ídolo em 1994. Não quero cair na armadilha do "Se....".
O tempo já se encarregou de dar as respostas. E o Rubinho hein, era a chance da vida dele! E qto a manobra de Schumacher....rs sem comentários
Marcos,
Foi verdade...esta no You Tube a uma das voltas...e o carro realmente esta desiquilibrado...
abraco!!
Este foi um dos anos mais dificeis para Frank e sua equipe.
Não o culpo pela morte de Senna, pra mim, até hoje, foi fatalidade.
Em que pese o fato da barra de direção estar soldada e tudo o mais...
E veja o que é a vida não? Saiu um piloto acima de qualquer suspeita e entrou um totalmente suspeito.
Ah David Coulthard...
QUe post mais triste, Marcão...
E as imagens não ficam atrás...
Aquela da Lady Di...
Aliás, um dos capítulos mais tristes da história do FW...
E parabéns, Marcão...
Já dá pra escrever um livro...
Sei das dificuldades de se contruir uma história assim...
Esse foi um ano bem complicado tanto para a Williams quanto para a F1, que via além das mortes em Imola, seus grande heróis dos anos 80 no fim da carreira a exemplo do Mansell e tbm ñ via em Hill um piloto para lutar pelo título com Schumacher, apesar de em tese em 1995 ter um carro melhor.
O que matou Senna na minha opinião foi a ausência da suspensão ativa, tão desenvolvida pelo time desde 1990, tanto é que o carro tinha que trabalhar com as suspensões excessivamente duras para ter boa estabilidade.
Infelizmente quis o destino que o pior acontecesse com Senna, justo na Tamburello e justamente na viseira do brasileiro. Talvez se o braço ficasse cerca de 2cm pra cima teriamos ele ainda conosco... R.I.P. Senna..
P.S.: Meu Deus cara!! vc foi no Rock in Rio 2001?!?!?!
Tái um blog que não só fala, mas faz!
Que interessante série de posts! Não havia atentado para o fato do choque de patrocinadores na ocasião em que o nome de Barrichello foi cogitado...
Cara, e que fotos são essas? Maravilhosas! Falando sério: poucas vezes vi um post com tão belas imagens. Parabéns!
O blog está fera demais!
Abraços (do sumido) Fábio Campos!
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