segunda-feira, 5 de abril de 2010

Entrevista de Sir Frank Williams a Livio Oricchio


http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100404/not_imp533456,0.php

(Correções por Marcos Antônio)

Francis Owen Garbatt Williams, mais conhecido como Frank Williams, vai completar 68 anos dia 16. O proprietário da equipe de Fórmula 1 de maior sucesso nos anos 90, com os títulos de Nigel Mansell, em 92, Alain Prost, 93, Damon Hill, 96, e Jacques Villeneuve, 97, fora os Mundiais de 80, com Alan Jones, de 82 com Keke Rosberg, e o de 87, com Nelson Piquet, ainda vai à maioria das corridas. Desde 86, porém, encontra-se numa cadeira de rodas e dependente de seus assistentes para quase tudo, pois um acidente de carro o deixou tetraplégico. Sua força para prosseguir liderando uma organização que disputa a competição a motor mais sofisticada do mundo tem, essencialmente, uma origem, como diz nessa entrevista exclusiva ao Estado: "Amo o que faço."

Há 43 anos no automobilismo, desde 73 (desde 1969, N do M.A) na Fórmula 1, primeiro como piloto e depois na gerência de seu projeto de equipe própria(Frank Williams nunca dirigiu um F1, foi piloto de F3 nos anos 60, N do M.A), Frank Williams assistiu a tudo nas pistas: das mortes de seus amigos e pilotos da equipe, Piers Courage, em 70, e Ayrton Senna, 94, à hegemonia de seu time nos anos 90, quando se tornou referência na F1. Não escondeu nunca sua frustração por não ter seguido a carreira de piloto, em razão da falta de recursos. "Foi por conta dessa minha paixão pela velocidade que hoje estou na cadeira de rodas." O acidente aconteceu na volta de um teste da Williams no circuito de Paul Ricard, na França. Frank Williams dirigia.


A primeira pergunta que muitas pessoas gostariam de fazê-lo é por quais razões a Williams deixou de ser equipe vencedora?

É simples. Tenho hoje menos dinheiro. E com menos dinheiro conquisto menos resultados. Com menos resultados consigo menos dinheiro. E com menos dinheiro não faço um carro vencedor, não atraio os melhores pilotos, que gostam de ganhar dinheiro. É um ciclo. A perda da BMW (durou de 2000 a 2005) foi um duro golpe. Hoje pago pelos motores. E não são os melhores da Fórmula 1. Importantes patrocinadores não estão também mais conosco.

N do M.A: um duro golpe que aconteceu pois a Williams não quis manter os motores BMW por um ano até eles conseguirem outro fornecedor. Patrick Head e Mário Thiessen estavam em rota de colisão e o acordo não foi possível.


Estar associado a uma montadora é essencial para fazer sucesso na Fórmula 1?

As coisas estão mudando, há menos montadoras na Fórmula 1 (apenas 3 das 12 equipes representam indústrias automobilísticas hoje, Ferrari-Fiat, Mercedes e Renault) e um time com potencial para ser campeão é privado, a Red Bull, mas têm um orçamento enorme. É importante ter um desses grupos associados, mas não mais fundamental. O que é preciso é um bom orçamento.


A sua energia na liderança da Williams é visível, mas não pensa em parar?

Uma hora vai acontecer. Estou aqui porque amo o que faço. Bernie Ecclestone (promotor da F1) vai completar 80 anos e não parece da mesma forma perto do fim. E quando ele deixar a competição, a Fórmula 1, bem como a Williams, não vão acabar. Tenho profissionais que já cuidam, hoje, da sequência de nossa história e, no caso da Fórmula 1, o grupo CVC (sócio de Ecclestone na holding que detém os direitos comercias) saberá como conduzir o negócio. As decisões serão todas colegiadas, com a participação maior das equipes.


Sua relação com brasileiros é antiga. Em 72, o senhor alugava um carro March e José Carlos Pace foi pilotar para seu time. Depois, Nelson Piquet, em 86 e 87, Ayrton Senna, 94, e agora o Barrichello. São bons pilotos?

Infelizmente Ayrton disputou apenas duas provas conosco. Pace, muito rápido. Nelson, extremamente esperto, ganhou um Mundial com a gente. Agora Rubens. Estamos impressionados. Rubens tem todos os ingredientes de um piloto campeão, não falta um sequer. Com um bom carro, não tenho dúvida de que poderia conquistar o título. Sua experiência é visível e ainda é muito rápido.

N do M.A: Não vou nem mais contestar nenhuma asneira do Barrichello depois dessa.


Há como comparar a atual geração de talentos, Sebastian Vettel, 22 anos, Lewis Hamilton, 25, Robert Kubica, 24, por exemplo, com as que o senhor viu de perto na sua equipe, Nigel Mansell, Nelson Piquet, Alain Prost, todos campeões?

Eles são hoje o que eram Mansell, Piquet e Prost. Vettel, Hamilton, Alonso têm o mesmo talento daqueles pilotos. É um erro as pessoas acreditarem que não. A Fórmula 1 mudou. E hoje eles são os melhores. E essa geração é fantástica.


Como o senhor imagina a sequência do campeonato e o que acontecerá com o alemão Michael Schumacher?

Vettel para mim é excepcional. Se tivesse dinheiro e um carro vencedor é o piloto que gostaria de contratar. Tem grande possibilidade de ser campeão. Alonso é um matador, como Mansell. Tenho grande admiração por ele. Felipe Massa é o piloto mais fácil de ser subestimado. O que é um erro. Michael já entendeu que terá de usar sua experiência como forma de compensar aquele milésimo de segundo que provavelmente já não tem mais, o que é natural. E ele é capaz disso.

N do M.A: Alonso igual Mansell? nunca, Nigel Mansell foi muito melhor! E ah se a gente tivesse dinheiro e contratasse o Vettel...


O que é realista esperar da Williams este ano?

Não há milagres na Fórmula 1. Nosso orçamento é pequeno quando comparado aos quatro times que vão lutar pelo título (McLaren, Ferrari, Red Bull e Mercedes). Nossa meta é ser a primeira equipe fora dessas quatro, portanto terminar o Mundial de Construtores na quinta colocação.

N do M.A: Como diria Barrichello, vou ali chorar em um canto e já volto...

7 comentários:

Unknown disse...

adorei. agora mesmo começo a escrever algo repercutindo este post

Daniel Médici disse...

Bravo, Frank, bravo! Que você esteja com todos nós por mais 68 anos!

Ridson de Araújo disse...

Declaração bem lúcida...to ficando cada vez mais fâ do Frank... quem fez burrice mesmo foi o Head que não soube lidar com Piquet

Vi numa entrevista do Piquet ele dizendo o quanto admirava o Frank, msm com a saída da equipe, e que todo o problema era com Head e o favorecimento dele com o Mansell.

oliver disse...

Faz uns 2 anos lembro de ter escrito um pequeno texto sobre o Frank.

Era o ano em que somente ele representava os garagistas.

O único elo em meio a todas as montadores.

Terminava mais ou menos assim:

Num mundo de corpos e carros perfeitos o único elo que vincula a F1 a um passado independente se encontra numa cadeira de rodas.

Mas ele nunca desistiu,

NUNCA.

Ron Groo disse...

O elogio de Sir Frank Williams foi vazio.

"-Com um bom carro seria campeão mundial."

Oras... E o que ele tinha ano passado?
E o que ele tinha quando estava na Ferrari?

Sir Frank foi político para não dar o troco na memsmo moeda que o boquirroto usou.

De Gennaro Motors disse...

que maravilha ! sempre admirei o trabalho de Frank Williams

Parabens

Fernando GEnnaro

Ester disse...

É, o Frank, apesar do gênio forte algumas vezes, é uma figura muito simpática e importante para a F-1... Espero que dure bem mais na direção da equipe! É um dos garagistas mais tradicionais da F-1!
Deus abençoe vocês!

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