domingo, 13 de janeiro de 2013

Williams 35 anos -Capítulo II

Courage.



Piers Raymond Courage sempre foi considerado um piloto rápido, mas extremamente inconstante nas categorias de base. Quando correu na F1 em 66 não fez nada de extraordinário,assim como em 67 e 68,quando foi piloto da BRM, acabou ficando sem carro pra correr de F1 no final do ano. Mas lembrou-se de seu chefe de equipe na F2, Frank Williams, em que sempre corria simultaneamente à F1 nesse período e o incentivou a comprar um carro pra correr na F1. Frank relutou no início queria ter um pouco mais de capital para entrar na categoria, mas também estava muito disposto a se aventurar apostou suas economias nele. Courage também ajudou a comprar o carro, ele era herdeiro da famosa marca de cerveja (na época), Courage. Marca agora que pertence a Australiana Foster’s. O total gasto naquela temporada seria, calculando aproximadamente na moeda européia, 40.000 Euros.

Em quatro de Maio de 1969, eles estrearam em Montjuich Park. Courage abandona na volta 18, mas a confiança da Frank Williams Racing Cars nele era grande. Tanto que no segundo GP da Williams, em Mônaco, Courage consegue um ótimo segundo lugar, a dezessete segundos de Graham Hill. Euforia total para Frank Williams, mesmo com um carro defasado em relação aos demais, Courage conseguiu um pódio! Em Zandvoort, Clemont-Ferrand, abandonos. Em Silverstone, Courage consegue um quinto lugar. Em Nurburgring, um acidente. E em Monza, a considerada a maior corrida de Courage, ele surpreendentemente liderou boa parte da corrida do veloz circuito de Monza, e faria uma das maiores zebras da história da F1, mas no final da corrida, por problemas de combustível acabou ficando lento e perdeu a chance de dar a primeira vitória de Frank Williams na F1. Terminou em quinto. Jackie Stewart, com um Matra, venceu a corrida e o campeonato de 1969. Um segundo lugar em Watkins Glen coroou a boa temporada de Courage e da recém criada equipe Williams.


Para a temporada de 1970, Frank Williams buscou parcerias pra evoluir sua equipe, pois sabia que não poderia usar aquele Brabham BT26 pra sempre. Ele acabou se associando ao ítalo-argentino Alessandro de Tomaso, para desenvolver sue próprio carro. Batizado como De Tomaso 505 foi feito especificamente pra Piers Courage pilotar. O carro – com um desenho de um tal de Giampaolo Dallara que fugia da linha dos charutinhos utilizados pela maioria – se demonstrou um desastre no início da temporada, com um abandono em Kyalami e um acidente nos treinos em Jarama, mas evoluía lentamente a cada corrida. Em Zandvoort talvez fosse a corrida que eles pontuariam pela primeira vez.
(o texto a seguir é de Luís Fernando Ramos em uma coluna para o GP Total)

O mundo da F-1 ainda estava abalado pela a morte de Bruce McLaren, O neozelandês, muito popular entre pilotos, mecânicos e chefes de equipe, não resistiu a um acidente durante um teste privado com seu Can-Am em Goodwood e faleceu. A ordem, então, era tocar o show para frente. Naquela época, a morte nas pistas era iminente e sua proximidade era vista com certa resignação, embora ainda fosse uma experiência trágica. Nos treinos Jack Brabham e Pedro Rodriguez sofreram graves acidentes na curva Hondenvlak. Jack Brabham em seu acidente ficou preso as grades de proteção e foi resgatado por espectadores, que usaram desde alicates até tesouras escolares pra retirá-lo dali. Brabham acabou saindo com apenas alguns arranhões.

Piers Courage largou em nono, uma ótima posição para um carro que não tinha tido boas atuações ainda. Na largada Courage foi pra sétimo lugar e partiu a caça da Ferrari de Clay Regazzoni. Nos boxes, Frank Williams acompanhava animado o desempenho de seu amigo e piloto. Numa época de cronometragem manual e com a transmissão televisiva apenas engatinhando, restava ao chefe de equipe acompanhar dos boxes cada passagem de seus pilotos. Frank Williams ficou inquieto quando Courage não apareceu na volta 23. Mais ainda quando uma nuvem de fumaça surgiu ao longe. Correu para a torre de controle e perguntou qual carro queimava. “O seu”, respondeu o diretor de prova. “Piers está bem, parece que um pouco tonto, mas foi visto ao lado do carro. Já vamos buscá-lo e levá-lo a um hospital.”

Frank foi falar com a mulher do piloto, Sally Courage, e seguiu para a entrada dos boxes para esperar a volta dos veículos oficiais. Vinte minutos e nada, o inglês cada vez mais nervoso. Na volta do Citröen dos organizadores, seus ocupantes descem do carro e falam nervosamente em holandês, ignorando Frank. Finalmente, o diretor de prova se volta a ele e dá a notícia: “Piers está morto.”


Difícil entender a incoerência entre a primeira e a segunda informação dada ao chefe de equipe. Esse foi um fato que angustiou muito Frank: “A morte de Piers me afetou profundamente, mas eu estava tão comprometido financeiramente com a Fórmula um que nem considerei seriamente a possibilidade de parar. Não havia nada que eu pudesse fazer e, por outro lado, eu também não tinha como voltar atrás.”, disse Frank a uma TV britânica em 2002. "Eu havia feito um financiamento bancário para cobrir o que faltava do nosso orçamento. De repente, em Zandvoort, na corrida, tivemos um acidente fatal. De um momento para o outro eu perdi meu amigo, Courage, o carro e ainda tinha uma enorme dívida para pagar.”, disse a Lívio Oricchio em 2006, sobre seu pior momento na F1.


O que Frank fez foi ir ao local do acidente e saber dos fiscais o que exatamente havia acontecido. Por algum motivo, Piers perdeu o controle do carro na mesma curva Hondenvlak e capotou. Seu azar foi o de ir diretamente ao encontro de uma duna alta que estava ali. A desaceleração que sofreu pelo impacto foi fortíssima e o carro, que continha magnésio em algumas partes do carro, começou imediatamente a pegar fogo. Mas estima-se que Courage foi atingido por uma roda, que arrancou o seu capacete e quebrou o seu pescoço, tendo morte instantânea. O piloto não teve a menor chance. Courage deixou mulher e dois filhos.

Jochen Rindt, amigo de Courage, foi o vencedor da Fatídica corrida em Zandvoort. Muitas pessoas se admiraram por Rindt ter tido força pra continuar a correr ou simplesmente não sabia da morte do amigo. Na primeira vez que passou pela batida, Rindt reconheceu o capacete de Courage, mas não tinha noção de seu estado. Rindt chegou aos boxes, empurrou Colin Chapman e o mecânico Maurice Philippe – que correram a ele para comemorar a vitória – e perguntou a seu manager Bernie Ecclestone: “ele morreu?” Após a confirmação, foi cumprir a cerimônia do vencedor sem a menor alegria. Dizem que foi nesse GP que Rindt resolveu que iria se retirar das pistas no final do ano. Quis o destino que um acidente o levasse antes dele anunciar seu desejo, e que ele fosse o único vencedor póstumo de um campeonato de F1.


9 comentários:

GiglioF1 disse...

Marcos,

Excelente matéria ,e sempre nos impressiona a história de Frank Williams...Infelizmente ele vem de épocas romanticas e nao tem substituto hoje na F1.
Seria um final glorioso ver seus carros adiante uma vez mais...

Abraco!

Anônimo disse...

Com certeza, essas histórias de Frank Williams na fase romântica da F1 são cativantes.
Marcos, obrigado pelo post de elogico ao meu blog. O seu blog é minha fonte de informações sobre a Williams. Mto do que vc fala aki eu nunca soube.
Até mais.

PHSF disse...

Estou acompanhando capítulo a capítulo a história da Equipe Williams. Parabéns pela iniciativa.

Felipão disse...

Fantástico, Marcos

Uma das partes mais tristes da história desse homem fantástico chamado Frank Williams...

Piers Courage foi um dos golpes mais duros de sua carreira, num período em que ele usava um orelhão como escritório e fechava os contratos em cima do capô do carro

Anônimo disse...

Grande Frank, por isto amamos tanto seus carros.
Espero que esta série vá continuando.
E uma sujestão... Abre uma pasta no forum também com estes textos...

Raúl disse...

muy buen material la historia de un grn piloto siempre es impresionant

Marcos Antonio disse...

Groo abri a pasta lá no Fove!Vai lá ver,está com o mesmo nome do tópico

Tiago Wakabayashi disse...

Não sabia que Frank era amigo do Courage.
E que mundo pequeno: quando Rindt pensou em se retirar, ele fora obrigado a fazê-lo, da pior maneira (talvez melhor por um lado, foi camepão xD).

Unknown disse...

Tesão véio. A história da F1 é realmente espetacular. Pena q não é mais assim o interesse fala mais alto.

Postar um comentário

  ©GP Séries - GO Williams GO! - Todos os direitos reservados.

Template by Dicas Blogger | Topo